![]() |
> | ![]() |
Estas são imagens de um ecodopplercardiograma realizado em um paciente da raça boxer, de 7 anos de idade, para avaliação pré-anestésica de cirurgia eletiva. Apesar de o tutor relatar que seu animal era sadio, ao exame físico o clínico geral detectou sopro cardíaco sistólico em foco aórtico grau III/VI, levando a suspeita de uma cardiopatia. Foi então solicitado pelo nosso parceiro a realização do ecodopplercardiograma sendo possível diagnosticar a estenose valvar aórtica de grau moderado.
Dentre as anomalias congênitas vasculares, a estenose aórtica é uma das mais comuns em cães (MAGALHÃES et al., 2014).
A estenose aórtica (EA) é caracterizada por um estreitamento ou redução, localizada na dimensão do sistema de fluxo causando uma sobrecarga de pressão (GOODWIN et al., 2010 citado por MAGALHÃES et al., 2014). É um defeito congênito que acomete raças grandes (MAcPHAIL, 2013), e parece predispor cães da raça Boxer (KIENLE et al., 1994), Golden Retriever (O’GRADY et al., 1989) e Rotweiller (MEURS, 2010 citado por MAGALHÃES et al., 2014).
Os sinais clínicos de EA podem ser assintomáticos ou podem apresentar intolerância ao exercício, colapso ou síncope. A falta de sinais clínicos não é uma razão para retardar a avaliação diagnóstica, pois a primeira evidência de EA pode ser a morte súbita (MAcPHAIL, 2013 citado por MAGALHÃES et al., 2014). O achado físico predominante nos animais acometidos com EA é sopro sistólico, melhor audível na base do coração, em casos moderados a graves, pulsos femorais podem ser fracamente visíveis (KIENLE et al., 1994; OYAMA et al., 2010; MAcPHAIL, 2013 citado por MAGALHÃES et al., 2014).
Exames diagnósticos incluem o eletrocardiograma, que mostra uma mudança de eixo cranial esquerda ou ectopia ventricular, sendo esses achados normais para a EA (McCONKEY, 2011; MAcPHAIL, 2013 citado por MAGALHÃES et al., 2014), radiografia torácica, que pode revelar uma silhueta cardíaca normal e alargamento do átrio esquerdo, com ampliação da aorta ascendente. O exame de ecocardiografia define o diagnóstico de EA, onde se evidencia espessamento das paredes do ventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca de mitral (McCONKEY, 2011; MENEGAZZO et al., 2012 citado por MAGALHÃES et al., 2014). A EA deve ser diferenciada de outras condições que causam sopro sistólico como, por exemplo, tetralogia de Fallot ou estenose pulmonar (GOODWIN, 2002 citado por MAGALHÃES et al., 2014).
Terapia com bloqueadores β-adrenérgicos como propranolol ou atenolol podem reduzir o risco de morte súbita, diminuindo a necessidade de oxigênio do miocárdio e suprimir arritmias ventriculares durante o exercício. O tratamento com furosemida, enalapril pode ser indicado para casos assintomáticos. A intervenção cirúrgica deve ser considerada para cães com hipertrofia ventricular esquerda evidente, sendo feita no início para minimizar as alterações miocárdicas degenerativas (MAcPHAIL, 2013 citado por MAGALHÃES et al., 2014).
Referências:
Magalhães, G.M; Paulino Junior, D.; Dias, L.G.G.G.; Cintra, P.P.; Conforti, V.A. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, v.10, n.19; p.1020, 2014.
GOODWIN, J. K. Cardiopatias Congênitas, In TILLEY, L. P. & GOODWIN, J. K. Manual de Cardiologia para cães e gatos. 3.ed. São Paulo, Editora Rocca, 2002, 259-276p.
McPHAIL, C. M. Surgery of the cardiovascular system. In: FOSSUM, T. W. Small Animal Surgery. 4. ed. Missouri: Editora Elsevier, 2013, cap 28, p. 856-879
KIENLE, R. D.; THOMAS, W. P.; PION, P. D. The natural clinical history of canine congenital subaortic stenosis. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 8, n. 6, p. 423-431, 1994.
O’GRADY, M. R.; HOLMBERG, D. L.; MILLER, C. W.; COCKSHUTT, J. R. Canine congenital aortic stenosis: A review of the literature and commentary. The Canadian Veterinary Journal, v. 30, n. 10, p. 811-815, 1989.
MEURS, K. M. Genetics of Cardiac Disease in the Small Animal Patient. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 40, n. 4, p. 701-715, 2010.
OYAMA, M. A.; SISSON, D. D.; THOMAS, W. P.; BONAGURA, J. D. Congenital Heart Disease. In: Ettinger, S. J.; Feldman, E. C. Textbook of Veterinary Internal Medicine. 7 ed. U.S.A, Elsevier Saunders, 2010, cap. 249, v. 2, p. 1250-1298.
McCONKEY, M. J. Congenital cardiac anomalies in an English Bulldog, The Canadian Veterinary Journal, v. 52, p. 1248-1250, 2011.
MENEGAZZO, L.; BUSSADORI, C.; CHIAVEGATO, D.; QUINTAVALLA, C.; BONFATTI, V.; GUGLIELMINI, C.; STURARO, E.; GALLO, L.; CARNIER, P. The relevance of echocardiography heart measures for breeding against the risk of subaortic and pulmonic stenosis in Boxer dogs. American Society of Animal Science, v. 90, p.419–428, 2012.
GOODWIN, J. K. Cardiopatias Congênitas, In TILLEY, L. P. & GOODWIN, J. K. Manual de Cardiologia para cães e gatos. 3.ed. São Paulo, Editora Rocca, 2002, 259-276p.